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Meditação para a Semana Santa

Domingo de Ramos: dia do Antigo Sol

No primeiro dia da Semana Santa, Jesus Cristo entra na cidade de Jerusalém, montado em um burrinho branco. Com brados de “Hosana”  o povo o saúda com ramos de palmeiras.

A força luminosa que emana do Cristo reascende no povo a antiga clarividência, vivenciada  nos rituais das festividades em homenagem ao sol . A palmeira sempre fora considerada o símbolo do sol natural.

O Cristo atravessa em silêncio a vibração popular, sem se contagiar.  Interiormente sabe que aquele entusiasmo logo passará. Não tem consistência interna. É o entusiasmo  natural que logo se transfere para outra novidade, para outro acontecimento externo. Cristo sabe o que ele próprio representa e a que veio. Ele quer penetrar na camada mais consciente da alma humana. O seu brilho é o brilho próprio que emana da essência de seu ser espiritual. O seu estado de alma é autoconsciente e acolhedor. Permanecerá.

 

Entrar em Jerusalém montado no burrinho tinha para o Cristo o sentido de deixar clara a transição: da antiga exaltação visionária, semi-consciente, desencadeada pôr elementos externos  para a atitude equilibrada, fruto da presença de espírito, do Sol interior na alma individualizada.

Segunda-feira Santa: dia da Lua

Qualidades: manter, revitalizar, refletir

 

Betfagé era uma aldeia cercada por figueiras consideradas sagradas por seus moradores. Fora de lá que o Cristo, no Domingo de Ramos mandara Pedro e João trazer um burrinho, também considerado um animal sagrado. Ali cultivava-se uma antiga forma de clarividência, ou seja, praticava-se “o sentar-se sob a figueira”, uma série de exercícios físicos e meditativos através dos quais atingia-se um estado onírico de religação com o mundo espiritual.

 

Na manhã de Segunda Feira, ao retornar de Betânia à Jerusalém com seus discípulos, Cristo aproxima-se da figueira e pronuncia a sentença: “Para todo o sempre, ninguém mais comerá destes figos”. Isto significaria que, no dia seguinte, a árvore estaria seca.

 

Com a condenação da figueira, Cristo cessa o antigo dom lunar da consciência visionária, a antiga forma de clarividência na qual predominavam os processos vitais.     

Cristo veio para que o ser humano trilhasse o caminho da autoconsciência que o conduzirá à liberdade .

 

“A capacidade da autoconsciência teria que ser conquistada e isto exigia em troca a antiga clarividência. Retornará o tempo no futuro, em que todos os homens serão clarividentes por terem cultivado o “eu sou” ou seja, a autoconsciência.”

 

Chegando mais tarde ao Templo que fervilhava de atividades comerciais, Cristo expulsa os vendedores. Devolve ao Templo sua condição de lugar sagrado, e, aos peregrinos que chegavam de todos os lados para as cerimônias de Páscoa, devolve a consciência de que aquela era a casa de Deus.

Terça-feira Santa: dia de Marte

Qualidades de luta, de autenticidade e coragem

 

O Cristo volta a Jerusalém trazendo as oferendas para o ritual que antecedem a festa pascal. No Templo, enquanto o povo o ouvia, seus adversários o abordam com questões que são verdadeiras  armadilhas, para fazê-lo cair em contradição.

 

Cristo responde a cada uma das questões com parábolas que caem como verdadeiros golpes de espada sobre os sacerdotes e escribas que nelas se reconhecem como protagonistas.

 

A cada parábola, Cristo reafirma a natureza espiritual do seu Eu, assumindo seu lugar próprio e colocando os adversários no devido lugar.  Sua força se intensifica.

 

Sem temor, pergunta por pergunta, a identidade espiritual do  Cristo vai se revelando.

 

Ele mostra aos oponentes quem realmente é, e a que veio. É uma luta intensa, travada em palavras e em intenções. De um lado, a intenção dos inquisidores que por desconfiarem dele, queriam desmascará-lo. Do lado do Cristo, a intenção poderosa do seu Eu manifestando-se em toda a sua inteireza  e culminando com as palavras: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”

 

No final do dia, reunido com os apóstolos no Monte das  Oliveiras, Cristo lhes transmite as metas que prepararão a humanidade para a sua volta, no futuro. Neste dia Cristo mostra que a maior das lutas é a batalha travada  no interior, entre o medo e a vontade de colocar o nosso Eu no mundo. Nesta luta interna, nos apropriamos dos dons de Marte: a autenticidade e a coragem de enfrentar as adversidades .

Quarta-feira Santa: dia de Mercúrio

Qualidades: Fluidez, devoção e cura

 

Ao entardecer daquele dia em Betânia, Jesus se reuniu com seu círculo mais íntimo à mesa de refeição, na casa de Simão.

 

Aproxima-se do Cristo, Maria Madalena e ungindo seus pés com um óleo precioso, os enxuga com seus próprios cabelos. O gesto de Madalena provoca uma reação de crítica nos presentes e desencadeia a revolta que se acumulava na alma inquieta de Judas.

 

Argumentado conta o desperdício em detrimento dos pobres, Judas sai para se encontrar com os sacerdotes e concretizar a traição que o levará ao suicídio.

 

É a segunda  vez que Madalena unge os pés do cristo. Na primeira unção Ele dissera aos presentes: “ Calem-se. Ela muito amou e muito lhe será perdoado.”  A postura do Cristo é de receptividade.

 

Em relação a Judas, Cristo compreende que este não possui  em sua alma forças de coesão para ordenar suas impressões e esta agitação flui para o mundo como uma revolta.

 

Maria Madalena entretanto, interiorizara as forças de amor que antes a arrastavam para o mundano. Estas forças fluem  para o mundo como devoção. Ambos são tipos mercuriais, sempre em contínua atividade externa, sempre mobilizando tudo ao seu redor.

 

Marta, a irmã de Maria Madalena, é a terceira pessoa com qualidades mercuriais, também presente à ceia. Está sempre fazendo algo pelos outros, sempre na lida da casa. “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.” Lucas 10.41

 

Na Quarta Feira Santa, Cristo acolhe as forças mercuriais transformadas em paz interior e devoção e assim metamorfoseadas em capacidade de cura.

Quinta-feira Santa: dia de Júpiter

Qualidades de sabedoria, grandeza e harmonia

 

Cai a noite de Pessach. Lá fora reina o silêncio; todos estão reunidos em casa para a ceia do cordeiro pascal.

 

No convento da Ordem dos Esseus, no Monte Sion, lugar antigo e sagrado, reúnem-se Cristo e os Doze Apóstolos, para também celebrarem a festividade.

 

Antes da ceia, Cristo realiza o ato de amor humilde, singelo e cheio de sabedoria que para sempre irá tocar o coração dos cristãos: o Lava Pés.

 

Cristo em toda a sua grandeza espiritual, ajoelha-se e lava os pés de cada um dos seus discípulos, em um gesto que é a síntese de todos os seus ensinamentos: “amai-vos uns aos outros”.

 

Segue-se a ceia do cordeiro, após a qual Cristo abre mão de si por algo que reconhece maior. Tomando o pão e o vinho, Cristo os oferece aos discípulos: “Tomai, pois este é o meu corpo e este é o meu sangue”.

 

Doa-se nos frutos da terra, permeados com a força da sua sabedoria transformadora, para que se renovasse continuamente o que havia se desgastado da Terra e do Homem.

 

O antigo sacrifício do cordeiro era um ato externo: o sangue fresco dos animais puros tinha no passado a força de induzir a alma humana a se reconectar com o mundo espiritual em estado de êxtase.

 

Com este ato sacramental, Cristo intensifica o esforço volitivo da alma que quer acolher em si o Eu espiritual. Cristo se torna ele próprio, o Cordeiro e traz a interiorização até o nível do sacrifício, da entrega, da aceitação do destino. “Eis o Cordeiro de Deus que assume os pecados do mundo”

 

O conteúdo desta noite compõe um sacramento que revifica no homem religioso, a cada ato, a comunhão com o espiritual no íntimo do ser.

Sexta-feira Santa: dia de Vênus

A qualidades do amor universal

 

Na madrugada de Quinta para Sexta feira, Cristo ao ser identificado pelo beijo traiçoeiro de Judas enquanto orava no Getsemane, é arrastado e preso.

 

Ironizado, flagelado, coroado com espinhos, carrega sua cruz sobre as costas e é crucificado na colina de Gólgota. Tendo se tornado suficientemente firme na sua alma, por possuir algo imensamente sagrado, suporta todos os sofrimentos e dores que lhe são impostos.

 

Com a força de sua alma elevada, carrega seu próprio corpo em direção à morte; une-se à morte e lega aos seres humanos a mensagem de que a morte não extingue a vida.

 

A imagem do Cristo carregando a sua própria cruz em direção à morte é o sinal de que além do umbral da morte física, começa uma nova vida.

 

Um dos documentos mais sagrados da história da humanidade, o Livro dos Mortos, o livro de orações do antigo Egito continha preces e instruções  para, após a morte, o homem encontrar o seu caminho de volta para o mundo espiritual. Há cinco mil anos atrás, no rituais de iniciação, os discípulos eram induzidos em um sono . A morte era considerada irmã do sono. A imortalidade, a visão de um mundo espiritual após a morte era ainda vivenciada. Os sepulcros eram, ao mesmo tempo, altares e as almas dos mortos eram mediadoras entre a Terra e o mundo espiritual. À medida em que a Terra se tornou mais densa em sua matéria física e o homem desenvolveu a autoconsciência, a morte tornou-se o grande medo da humanidade.

 

Na Sexta Feira Santa, Cristo resgata para o ser humano a sua herança espiritual. “No Cristo torna-se vida, a morte”.

Sábado de Aleluia: dia de Saturno

Qualidades: Profundidade, Consciência e resistência

 

O Cristo desce ao reino dos mortos, pleno da luz solar de sua consciência.

 

A Terra recebe o corpo e o sangue do Cristo. No local, entre Gólgota e o Sepulcro, existira outrora uma fenda primária na superfície terrestre.

 

Esse abismo que fora aterrado por Salomão era considerado pelos antigos como a porta para o inferno. Os terremotos da Sexta Feira reabrem esta fenda e a terra inteira se torna o túmulo do Cristo.

 

O espírito de Cristo penetra na Terra criando nela um centro luminoso.

 

“Temos em volta da Terra uma espécie de reflexo da luz do Cristo.

 

O que é refletido como luz do Cristo, é o que Cristo denomina Espírito Santo.

 

Ao mesmo tempo em que a Terra inicia sua evolução para se tornar um Sol, também é verdade que, a partir do evento de Gólgota, a Terra começa a criar em sua volta um anel espiritual que mais tarde se tornará uma espécie de planeta.  Estamos diante do ponto de partida de um novo Sol em formação.”

Domingo de Páscoa: dia do Sol

Ente nascido do cosmos

Oh, vulto luminoso!

Fortalecido pelo Sol no poder da Lua.

Tu és doado pelo ressoar criador de Marte

E a vibração de Mercúrio que move os membros.

Ilumina-te a sabedoria radiante de Júpiter

E a beleza de Vênus, portadora do amor.

E a interioridade espiritual de Saturno antiga dos mundos

Te consagre à existência espacial

e ao desenvolvimento temporal.                                        

                                                           

Rudolf Steiner

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